Encerre-se 2012...

50 gramas de acúcar...

... em ponto de Natal. 

Para adoçar um qualquer sorriso e beijos de vários feitios.

Para polvilhar qualquer coisa perfeita...talvez um instante, talvez uma eternidade, talvez um querer.

Para enfeitar um aconchego dentro de um abraço

e anoitecer com corpo de estrelas.

Bom Natal para todos!

Um bom caminho...

... é sempre mais miragem do que chão.

Achar o fio da meada

Montanha Russa

...para brincar desalinhos.

Ponto preso...

...tantas direções e nenhum caminho
 onde andará a audácia precisa para sair da linha?

Ponto de arco-íris

... para cerzir dias cinzentos.

Cozer com Fio de Ariadne...

... para levantar a bainha aos labirintos.

Perfil alinhavado

Bordado de Natal

A-linha-mento

A Linha Vermelha e as Sete Agulhas

...uma história para remendar o sono.

Pespontamentos...

... para costurar o vazio de cada papel.

Acertar agulhas...

... para desviar caminhos

Resumo de outro dia de chuva

Hoje até choveram céus inteiros
E eu, no meu pensar-gato, a escarnecer do tempo
esse nó absurdo que não prende coisa nenhuma.

Resumo de um dia de chuva

Hoje até podiam chover céus inteiros 
Que eu quero-me assim gato
A ronronar quietudes em abraços de lã
Do lado de dentro da minha janela

Pois...

A outra porta

Há portas assim
Nem de abrir, nem de fechar
Mas são na mesma portas
Um lugar sem lado de cá ou de lá, onde germinam vãs vontades.

A Porta

Há portas assim
Nem de entrar, nem de sair
São portas na mesma
Um modo de espera, para lembrar fechaduras que serão sempre um faz-de-conta.

Camuflagem

Apetece-me...

...plantar uma ilha, para colher um lugar onde os caminhos não cheguem.

Apetece-me...

... a surpresa, do que não é só e apenas tão igual.

Apetece-me...

... um recanto, com folhas-borboleta, acesas pelo sol.

Apetece-me...

... rasgar a noite e pintar um acordar.

Apetece-me ser...

... em contramão.

Poiso

Talvez numa noite

Talvez numa outra noite 

o tempo se acerte

E a demora

 dobre uma esquina vazia

Talvez nessa noite, nessa outra noite

eu pressinta o poisar de mim num qualquer nítido instante. 

Bagos de chuva...

...com grainha de janela.

Em jeito de coisa simples

O inconsolável peso da repetição

Por vales e montanhas

Outonalmente

O Outono é um vagar a poisar leves afagos na pressa do dia.

Escrita em branco X Ponto final

...inquietam-se as sombras sob o arrepio do silêncio. Hei-de reinventar outra cor...com o que sobra de mim.

Escrita em branco IX

Folha com caminho de descer e caminho de subir, para palavras cansadas de linhas direitas.

Escrita em branco VIII

Nós: esse lugar onde os encontros têm o jeito frágil de um qualquer infinito.

Escrita a cores

... onde se conta a história submersa de um dia por abrir.

Escrita em branco VII

... do entrelaçar de dedos e pele...

Escrita em branco VI

...
Amanhã, quando me espreguiçar,  serás palavra e entrelinha
 em prisão de papel.

Escrita em branco V

 Escreve-me um relevo, para eu poder tocar o som de todos os sentidos.

Escrita em branco IV

Folha com sistema de escoamento para palavras sem talento para o verbo Dizer.

Escrita em branco III

A verdade é só arestas 

E eu minto e minto

Só para não ferir os dias.

Escrita em branco II

Deixa-me falar-te da noite 

esse lugar de enganos  que finge sossegos, para acordar o contorno das tempestades.

Escrita em branco I

Deixa-me dizer-te de um lugar 

onde o silêncio se arrepia de palavras e as sombras são desenhos de demora.

Esquadria

Vontades

...é que hoje apeteceu-me estar ali e abraçar o mar inteiro.

Onde o diabo perdeu as botas

Ancoradouro

... para ancorar vontades de ser mais longe.

Capicua

Assento

Puxo de uma sombra e sento-me ao lado do dia. 

Contamos, um ao outro, mentiras de eternidade

 e brilhamos sorrisos que murmuram sons de folhagem e brisa.

No fim, ambos acabamos noite, tateando silêncios

de costas viradas às estrelas.

Coisas vegetais

Repouso

Trilho da Águia do Sarilhão, onde o mundo repousa em silêncios de verde macio, sem pressa de chegar aos lugares do amanhã.